Os juros altos já começam a impactar o mercado imobiliário. Pela terceira vez consecutiva os preços de venda de imóveis residenciais desaceleraram no acumulado de 12 meses. Mesmo ficando acima da inflação, as cotações perderam a força, como mostra o Índice FipeZAP de maio. A alta mensal dos preços dos imóveis residenciais no último mês foi de 0,46%, abaixo da variação registrada em abril (0,51%), mas ainda superior ao IPCA-15 do período, que subiu 0,36%, e ao IGP-M, que apresentou deflação de 0,49%.
No acumulado do ano, o índice registra avanço de 2,89%, levemente acima da inflação oficial estimada até maio (2,85%). Já nos últimos 12 meses, o FipeZAP acumula alta de 7,66%, frente a 5,42% do IPCA e 7,02% do IGP-M. O movimento indica que, mesmo em ritmo mais lento, o preço dos imóveis segue em trajetória de valorização.
“Essa é a terceira desaceleração seguida do índice e indica uma mudança na tendência dos reajustes, fruto do aumento da taxa Selic e do esgotamento dos recursos da poupança habitacional, que aumentaram o custo do crédito imobiliário”, explica Paula Reis, economista do DataZAP.
Neste segundo trimestre, a variação do preço de venda deve prosseguir positiva, porém decrescente ou estável, segundo a especialista, porque o acesso mais restrito ao financiamento deve reduzir a demanda por imóveis, reduzindo a pressão sobre os preços.
De acordo com o levantamento, a valorização foi mais expressiva em imóveis de um dormitório, com alta de 8,89% em 12 meses e preço médio nacional de R$ 11.176 por metro quadrado, acima da média geral de R$ 9.276 o metro. Por outro lado, unidades com quatro ou mais dormitórios apresentaram valorização menor de 6,08%.
As capitais do Nordeste concentram as maiores altas no acumulado de 12 meses, segundo a FipeZap. Salvador lidera com valorização de 20,85%, seguida por Vitória (+18,33%), João Pessoa (+18%), Belo Horizonte (+14,29%) e Curitiba (+13,29%). Todas as 56 cidades monitoradas pelo índice apresentaram elevação de preços no período.
Entre os valores médios por metro quadrado, Vitória (ES) segue como a capital mais cara do país, com R$ 13.349 por metro quadrado, à frente de Florianópolis (R$ 12.320/m²), São Paulo (R$ 11.560/m²), Curitiba (R$ 11.164/m²) e Rio de Janeiro (R$ 10.558/m²).
Entre as capitais, Vitória, com alta de 2,01%, Salvador (+1,36%) e Belo Horizonte (+1,28%) lideraram os aumentos mensais. Na outra ponta, Goiânia e Brasília foram as únicas a registrar queda nos preços em maio, com quedas de 0,39% e 0,43% respectivamente.
O levantamento do FipeZAP leva em conta os preços anunciados de imóveis residenciais em 56 cidades brasileiras e é um dos principais termômetros do comportamento do mercado imobiliário no país.